Um coral autolimitante?

O auto poder de dispersão do coral sol, sua alta capacidade de regeneração e reprodução, fizeram com que ele se dispersasse por grande parte da Costa brasileira. As autoridades ambientais e o ministério público, motivadas pelos riscos levantados por alguns setores da comunidade científica, criaram normativas que hoje afetam as atividades portuárias e de navegação, principalmente, mas não exclusivamente, no setor de peg. at demos início a um programa de desenvolvimento de uma solução biotecnológica de controle do coral sol. Queremos construir um organismo auto limitante nos modelos que pesquisadores produziram mosquitos da dengue e malária. Para alcançar esse objetivo, precisávamos, em um curto espaço de tempo, aprender o máximo possível sobre essa, essas espécies. O genoma é o repositório de informações que permitem um organismo se desenvolver, crescer, reproduzir, dispersar. Não só todas as informações sobre sua biologia, fisiologia, anatomia e hábitos de vida estão lá, como estão as informações sobre sua capacidade de tolerância e resistência a fatores ambientais, susceptibilidade a doenças. O genoma traz ainda, como o registro geológico, pistas sobre sua evolução. Para isso, sequenciamos o genoma de 3 espécies de coral sol, montando os melhores genomas de corais disponíveis até o momento é criando um banco de dados imprescindível para o desenvolvimento de um organismo autolimitante.

O genoma do coral sol é inédito, nunca antes tendo sido publicado na literatura científica. Na verdade ainda existem pouquíssimos genomas de corais publicados, considerando a abundância e a diversidade desse grupo: apenas 5. Isso porque a montagem de um genoma ainda é uma empreitada com alto-grau de dificuldade. Foi necessário um grande esforço de uma grande equipe para conseguir montar esses 3 genomas em 18 meses. Poucos outros grupos teriam os recursos para executar essa empreitada.

A tecnologia para desenvolver um organismo auto-limitante é bastante nova e existem poucos projetos no mundo tentando aplica-la para o controle de espécies invasoras. No melhor do nosso conhecimento, esse é o único projeto de gene-drive ou organismo auto-limitante em corais.

A publicação dos genomas de 3 espécies de coral sol colocam a pesquisa para o desenvolvimento de soluções para o controle em um novo patamar. O genoma é o repositório de informações que permitem um organismo se desenvolver, crescer, reproduzir, dispersar. Não só todas as informações sobre sua biologia, fisiologia, anatomia e hábitos de vida estão lá, como estão as informações sobre sua capacidade de tolerância e resistência a fatores ambientais, susceptibilidade a doenças. Com o genoma, foram mapeadas vias de resistência e susceptibilidade. Iniciamos pesquisas com as vias de síntese de CaCO3 que podem levar a redução do crescimento. Vias de reprodução assexuada que podem levar ao colapso da população. Vias de reprodução sexuada que podem permitir o controle por gene-drive.

Os parâmetros de N50 e BUSCO mostram a alta qualidade dos nossos genomas, que poderão servir de referência para o desenvolvimento de uma estratégia biotecnológica de controle. A tecnologia para o desenvolvimento de organismos auto-limitantes é muito nova e existem poucos precedentes para determinar um roadmap regulatório. O desenvolvimento de um organismo auto-limitante pode ser considerado pesquisa para desenvolvimento de pesticida pelo IBAMA e requere autorização específica. O organismo autolimitante em si é considerado um OGM e sua utilização estaria vinculada a uma autorização da comissão nacional de biossegurança CTNBio. O uso comercial desse OGM para controle de coral sol no ambiente estaria vinculado a autorização de comercialização do IBAMA. Todas essas etapas foram superadas pelo mosquito OGM da OXITEC, aprovado no Brasil para controle da Dengue, o principal precedente para o nosso produto.