Em uma palestra em 2008 na UFRJ, o então ministro Sérgio Rezende falou sobre como o Brasil entrará para o seleto grupo dos países que produziam mais do que 1% da ciência mundial, mas havia fracassado em transformar essa ciência em soluções para os problemas da nossa sociedade. Ainda que não houvesse uma métrica correta, em qualquer métrica que escolhêssemos, o Brasil não inovava.
Para mudar isso, o ministro anunciou que o MCTI, a partir de então, apoiaria financeiramente, principalmente, projetos com inovação. O Brasil tinha acabado de regulamentar a lei de inovação e as regras para interação entre empresas e universidade estava bem definidas. Não perfeitamente, mas bem definidas. E em 2009 a FINEP lançou o programa PRIME: primeira empresa inovadora, que tinha como objetivo estimular os acadêmicos brasileiros a montarem empresas que pudessem transformar pesquisas nas gavetas dos laboratórios das universidades em inovação.
Para participar do PRIME, precisávamos fazer inovação. Mas o que era isso? Nenhum acadêmico sabia direito e confundia inovação (um produto no mercado que atenda a uma demanda de um público consumidor) com algo novo, inédito, que é uma característica de trabalhos acadêmicos originais com os quais professores tinham mais familiaridade. Transformar uma tese de doutorado (o monitoramento da contaminação por metais pesados na Baía de Sepetiba usando a proteína metalotioneína da ostra Crassostrea rhizophorae) em uma proposta de produto (uma bacteria geneticamente modificada com gene da metalotioneína de ostra para remoção de metais pesados de efluentes industriais) foi uma mudança de paradigma para a equipe do laboratório de biologia molecular ambiental, mas não foi a parte mais difícil. Como tudo é 1% inspiração e 99% transpiração, montar uma empresa, criar um plano de negócios e redigir um projeto para a FINEP foram atividades novas e desgastantes para essa equipe, que não teria conseguido sem a ajuda da consultora Paola Miranda.
Em 22 de Abril de 2009, nasceu a Bio Bureau Biotecnologia, batizada com o nome foi sugerido pela jornalista Juliana Oliveira. Fomos selecionados pela FINEP e assim começou nossa aventura em inovação.